sexta-feira, 22 de maio de 2015

O quanto a arte é importante para o conhecimento.





O quanto a arte é importante para o conhecimento.


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O quanto a arte e o artista são importantes na construção do conhecimento. A arte antecede ao conhecimento. O conhecimento baseia-se na arte formada e construída. A arte realizada, a partir das expressões do corpo, ao comando da mente. Valdir Augusto, quando ao dar títulos em seus trabalhos e exposições, quando reúne alunos, trabalhos e artistas, fala e escreve: A arte e o artista em primeiro plano. E diz mais ainda: arte não se julga; apenas se observa e se admira. E assim pode ser o conhecimento, admira-se e evolui-se, sem criticas. Criticar é voltar a um passado impedindo uma evolução. Cria-se um novo sem perder tempo em criticas. Cria-se o novo sem esquecer o passado, outras gerações podem necessitar deles.

Pintores já levaram cenas históricas, retratadas em suas telas, de lugares onde o povo não pode estar presente, no tempo e no espaço. Já colocaram retratos nas paredes e em molduras, antes da existência das fotografias. Bobos da corte com suas palhaçadas e malabarismos podem ter influenciado as decisões de reis e rainhas, que dominavam o seu próprio reino, ou o reino vizinho. Eles souberam o quanto e quando, influenciar pequenos príncipes e jovens princesas, que podiam levar contos e histórias a seus pais, reis e rainhas.
Fotógrafos já foram em regiões distantes, caminhando e escalando; já participaram em teatros de guerra, para retratar cenas reais dos lugares de difícil acesso, e cenas verídicas nos campos de batalhas. Cada um retrata e fotografa com o seu olhar, com a lente de seus olhos e de suas câmeras. Seus dedos comandam pinceis e disparadores. E cada observador interpreta o que vê com seus olhares e suas posições. Posições econômicas e geográficas, sociais e intelectuais.

Fotografias e telas podem conter símbolos interpretativos, que levarão o interpretador tirar as suas próprias conclusões. Tipos de arquiteturas, construções e elevações. Moda e vestuário, tipos de indumentárias e uniformes, Siglas e símbolos contidos no vestuário, nas portas e paredes, ou jogadas e encontradas ao acaso, no cenário retratado. Flâmulas e bandeiras, sobre uma mesa ou desfraldadas em um mastro. O fotógrafo e o pintor podem ir onde a cena e o cenário estão para trazer imagens ao expectador e admirador. Imagens de sonhos e realidades, o sonho de ir ou de ficar, de permanecer ou de voltar. 

O para brisas de um veiculo é uma tela viva, ao dispor de seus ocupantes, com as possibilidades de outros olhares, por outros ângulos, através de janelas laterais ou mesmo por um retrovisor, com uma imagem se reduzindo ao infinito. Viajar é conhecer e adquirir conhecimentos, participar de outros meios culturais.

Modas de viola e literatura de cordel levam um conhecimento a quem tem pouca ilustração e nenhuma informação. Quem não sabe ler e escrever tem na musica e no radio, a sua caixa de conhecimento, embalados pelos dedos e a voz de seu portador, o ilustre cantador. Cantam modas e violas, modinhas e canções. Nos intervalos das musicas surgem noticias e informações do cotidiano. O assunto em pauta nos principais meios de noticias pode virar moda nas letras pautadas de uma musica embalada. Onde não tem um profissional professor, haverá um profissional cantador ou trovador. Um conhecimento de EaD em 3D, com direito a desafio, replicas e treplicas.

Médicos e professores fazem juramentos e julgamentos ao longo de suas formações e formaturas. Médicos e professores avaliam muito as condições de lecionar e medicar em lugares distantes, depois de suas formações e formaturas. Eles usam de um novo argumento, o conhecimento aprendido que se torna aplicável a suas vidas e profissões, e avaliam: localizações, acomodações e remunerações. Não estão motivados para ir onde o aluno e o paciente estão. Ao passo que todo artista sabe que tem que ir aonde o povo esta: alfabetizados ou não; letrados ou não; com saúde ou não. Cantam e declamam para vivos ou mortos, podem frequentar nascimentos, casamentos, separações ou velórios.

O artista leva seus gestos e sua voz à rincões e sertões, sem mesas e sem cadeiras. Sem ar condicionado e sem ventiladores, lugares sem telefones e computadores. Com suas musicas, e com seus gestos praticam uma terapia. Lecionam, atendem e medicam debaixo de uma lona, e debaixo de uma arvore. Podem cantar receitas medicas de conhecimento empírico e receitas culinárias testadas a aprovadas. E a arte ocupa os espaços deixados por aqueles que foram treinados e formados para levar informação e construir um conhecimento. Não levam uma informação e um conhecimento; e por traz de suas barricadas de títulos e diplomas, criticam um conhecimento adquirido por outros meios, que não sejam os seus, dotados e armados de slides e programas formatados para aparecerem em uma tela branca, dentro de uma sala escura. Não admitem conhecimentos levados por outras mãos, outras vozes e outras canções.

Um artista ao ler um livro, escreve uma resenha. Ao ler uma história, faz um roteiro para teatro ou cinema. Reescreve histórias e livros mentalmente. Com uma pagina escrita em preto e branco dá cor e vida, a cenários e personagens. Encontra personagens ao caminhar pelas ruas.  Anda pelo shopping e encontra personagens que fugiram de um filme que rolava no cinema ali mesmo. Pode ser atendido por uma junta medica e enxergar que determinado medico componente da junta, fugiu de uma gaveta do ITEP ou do IML, e esta ali diante de um paciente, insistente em impor seus conhecimentos. Classes de estudiosos já citadas na Bíblia. 

O artista baseado em historias escritas em paginas de duas dimensões, da vida aos personagens em ambientes de três dimensões. Interpreta uma história, para criar uma estória com seus pontos de vista e com sua bagagem artística e cultural. Para fazer um filme, filma de vários ângulos, e escolher durante a edição o angulo que melhor se adapta a uma cena com um dialogo e determinada emoção. Em um teatro o importante pode ser uma iluminação, para realçar um detalhe no cenário, e esconder outro detalhe do cenário, sem importância para determinada locação. O artista tem tudo em sua mente e suas mãos: água e pinceis com cores e tintas; lápis, caneta, borracha e mata-borrão. Holofotes com luzes e cores; microfones, amplificadores, sintetizadores, e som. Luz, câmera e ação.

Artista olha para o céu e vê cenários em movimento formados por nuvens, ao sabor dos ventos. Cenários que vão se movimentando e se transformando em novas imagens e interpretações. Artista que cozinha sua própria comida enxerga personagens fritando. Troca os alimentos: vê animais marinhos em aves; animais terrestres em frutos do mar; lagos e lagoas, borbulhantes e escaldantes em panelas e frigideiras. Areias movediças de farinhas podem formar um redemoinho ao movimento das colheres, em um movimento rotatório e contínuo em um pirão.

Enquanto o par fundamental de uma sociedade, o medico e o professor, não vai aonde o povo esta. O artista já declama, canta e dedica, uma poesia ou uma canção. Enquanto os pares fundamentais, alunos das mesmas escolas, as farinhas do mesmo saco, aprendem a ralar o aipim, a mandioca ou a macaxeira, o artista já esta comendo a tapioca, o grude e o beiju.

RN 22/05/15

Roberto Cardoso
Desenvolvedor de Komunicologia

Jornalista Cientifico – UFRN-FAPERN-CNPq
Membro do IHGRN - Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte
Membro do INRG – Instituto Norte-Rio-grandense de Genealogia
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