Crônica de uma foto
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Tinha algo
inscrito naquele olhar, naquele canto esquerdo da boca. Algo ou alguma coisa
ela quis expressar, transbordar, ultrapassar os limites da foto. Uma mensagem,
algumas palavras, de um momento ou de um sentimento. Aquele mínimo encostar dos
lábios, provocando uma leve ascensão dos lábios unidos. Naquela junção dos
lábios denominada como comissura labial, ela fez o traço do desenhista que quer
expressar uma emoção do seu personagem em seus dibujos e cartoons.
A pressão
exercida pelos lábios superior e inferior provocou uma pequena alteração nas chamadas
covinhas do rosto. As covinhas reconhecidas, realçadas e destacadas com um
sorriso, por mais simples e sutil que seja. Covinhas são marcas registradas de alguns,
tal como sinais, como aquele bem discreto logo abaixo do lábio inferior. Um
conjunto de pequenos detalhes marcando um leve sorriso, somado a um olho
encoberto pela madeixa que escorria pelo rosto com cabelos lisos, e com traços metálicos
preciosos.
Um olhar penetrante,
fixo, ligeiramente desviado do centro da foto. Respiração e expressão estática.
Com certeza um firmar e um olhar para não perder o foco do ato e da câmera fotográfica
que devia estar segurando para fazer um autorretrato. Pescoço levemente
inclinado desfazendo uma simetria ortogonal dos retratos para documentos. Uma
inclinação necessária e suficiente para a madeixa encobrir parcialmente o
olhar. E naquele momento um flash ficou registrado na sua retina e na sua mente.
O corpo
tem suas falas e suas linguagens. E a fotografia congela um momento, um
instante. As fotografias congelam e eternizam os gestos, os jeitos e os trejeitos
do retratado com imagens e mensagens.
Pequenos detalhes
percebidos por um simples ato de mudar, e trocar a foto do perfil. Um ato que
reflete e transfere para uma rede social o novo estado emocional, o estado de
espírito de cada um, naquele momento. A partir daquele momento até que novas
mudanças ocorram de dentro para fora e uma nova imagem surja com mensagens de que
ela mudou a foto de perfil.
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Entre Natal e Parnamirim/RN ─ 06/04/2014
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Roberto
Cardoso
(Maracajá)
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