A
produção literária como mercadoria
Revisitando antigos conceitos
da economia, vamos encontrar três grandes blocos de produção, de atividades econômicas,
e de uma literatura: setor primário, setor secundário e setor terciário. O denominado
setor primário, é onde os produtos de valor econômico estão no uso e exploração
da terra. Com a descoberta e exploração do território brasileiro, surgiram
algumas literaturas, a começar com a carta de Pero Vaz de Caminha. As terras
foram descobertas e divididas entre donatários. O momento da propriedade rural,
com produção de cana de açúcar, o ciclo do ouro, e outros minerais.
Depois da exploração dos produtos
disponíveis na terra, produtos agrícolas e animais podem ser cultivados e
criados. E os novos produtos são oferecidos pela terra, com custo e produção
calculados. E os produtos da terra dirigem-se ao setor industrial, o setor secundário,
com a transformação de matéria prima, o momento da propriedade industrial. O meio
rural provocou conhecimentos: plantios, criações e colheitas, com o estudo do
tempo. O setor da indústria provocou conhecimentos de transporte, conservação,
transformação e industrialização. Estratégias de logística.
Com produtos provindos direto
do meio rural, ou das industrias depois de transformados, são direcionadas às
cidades, os grandes centros de negociações de compra e venda. E surge um terceiro
setor, denominado de terciário, onde o principal ato econômico é uma prestação
de serviços, e então é muito comum uma propriedade comercial, para realizar
transações de comercialização de serviços e produtos. E nas cidades também foram
produzidas as literaturas. Muitas músicas e histórias saíram de bares e
restaurantes. Romances mornos e insossos; quentes e ardentes.
Depois de tantos momentos,
tantas pesquisas e tantas transformações, tudo que foi feito e observado pode
ser transformado em literatura, com sempre foi. Agora em um quarto momento, com
o escritor como artesão de tudo que foi visto e armazenado na sua mente. O artesão
escritor usa suas ferramentas: lápis e papel ou máquina de escrever; computador
e impressora, e outras tantas tecnologias de informação.
Sem o uso de pesquisas ou
laboratórios, as informações estão em toda parte, literalmente na palma da mão.
Informações plantadas, inseridas e reunidas na mente geram um conhecimento, o
feedback do cérebro. O escritor gera um produto, com características próprias,
um texto ou uma dissertação. Um livro ou um artigo, caracterizado pela produção
de um conhecimento. O texto é único, e tem um dono, um produtor, que detém a propriedade
intelectual.
Um texto ou um livro nada mais
é que uma mercadoria produzida, onde o conhecimento acumulado foi a matéria prima,
processado por mentes auspiciosas e intelectuais. E tal como uma mercadoria, um
livro não pode ser apenas colocado em uma estante, como prateleira, de uma
biblioteca ou livraria. Todo produto para ser vendido, usado, apreciado e
degustado, precisa de estratégias mercadológicas, para vendas, propaganda e
marketing. O escritor, o editor e o distribuidor precisam conhecer seu público alvo.
Saber onde estão os seus consumidores.
O público consumidor como
sempre, tem a liberdade de escolha, comprar um produto completo ou escolher um
produto genérico. Fazer dietas e restrições de alimentos e temas. Escolher marcas
e embalagens, capas e contracapas, consultar índices e ingredientes. Aceita informações
de outros autores ou consumidores, sobre novos autores e determinadas marcas, títulos
e mercadorias. Consulta a composição de alimentos e a bibliografia utilizada,
para criar produtos e livros. Consulta a safra e a origem da produção, ano e
cidade onde foi escrito. Já tem em mente ideias e receitas, culinárias ou medicamentosas.
O leitor, ou o comprador, pode
misturar escolhas e sabores, autores e títulos para construir o seu próprio conhecimento.
Saberes e sabores. Pode deixar de ser um consumidor de um produto intelectual e
tornar-se um produtor de conhecimento. E então terá que buscar e conquistar
seus leitores e clientes.
A produção de um livro, bem
como a qualidade de um livro, depende do capital intelectual do autor. E a análise
do livro a ser lido ou adquirido, depende do capital financeiro ou do capital intelectual
do leitor ou comprador, que pode ler e reler um título ou um autor, e emitir uma
opinião.
Tudo é uma questão de gosto,
conhecimento de especialidades e especiarias; apetite e avaliação.
Em 20/12/15
Roberto Cardoso “Maracajá”
Produtor de conteúdo (Branded Content)
Texto
disponível em:
Em 20/12/15
Entre Natal/RN e
Parnamirim/RN