domingo, 8 de setembro de 2013

A usurpação da ciência (6)


A usurpação da ciência (6)

 

Quando um padre sobe ao altar para rezar uma missa, cada cor de peça ou bordado tem um significado, e o padre deixa de ser ele mesmo para representar o Cristo. Na denominada academia, ou seja, em faculdades e universidades, a cada conquista e a cada diplomação ou certificação, há um rito de consagração, uma colação de grau. E a ciência foi novamente na religião buscar alguma inspiração. A fim de consagrar em ato solene a entrega de diplomas e certificados, foi buscar na liturgia religiosa os rituais e a paramentação para as solenidades majestosas de diplomação e titulação. Como sempre, fez uma serifação como estratégia de ineditismo. Não copiou vestimentas, mas criou um novo vestuário para o momento formal, não copiou as cores, mas deu um novo colorido aos novos significados. Quando o formando todo paramentado de vestuário e acessórios, sobe ao palco para receber seu canudo simbólico, deixa de ser ele mesmo para representar uma instituição de conhecimento.

A ciência não copiou chapéus e ornamentos sobre a cabeça, mas criou novas coberturas. Todo acessório sobre a cabeça tem um significado, desde o quipá judaico ao capelo (uma analogia a coroa real), usado pelo formando, passando pelos quepes militares. Todos tem o significado básico, de que existe algo ou alguém acima, algo ou alguém com uma superioridade, seja de valor de conhecimento ou de autoridade, formalizando assim uma hierarquia.

A beca preta dá uma ideia de imunidade, de algo oculto ou inacessível, algo que só pertence aos iniciados naquele conhecimento. Uma cor que absorve e remove negatividades. E por cima da beca preta vem a pelerine colocada sobre os ombros, símbolo de responsabilidade, “a responsabilidade pesa sobre os ombros”, em cores que identificam e personalizam o pertencimento a um grupo, um ideia do significado, da área de conhecimento que esta oculta sob a veste preta, o conhecimento que aquele detém. O ato de diplomação em uma faculdade é um momento acadêmico impossível de ser negligenciado ou recusado. Mesmo aqueles formandos que não queiram participar da cerimônia coletiva de diplomação, terão que o fazer em ambiente restrito. Terá que receber o diploma simbólico das mãos de um superior, sem um rito não há consagração.

A cor branca foi comprovada pelo disco de Newton ser um conjunto de todas as cores. Tanto no sentido religioso quanto no sentido acadêmico a cor branca é reservada aos detentores do conhecimento maior. A luz branca sob um olhar científico é a luz do conhecimento e sob o olhar religioso é a luz divina, uma cor espiritual e equilibrada, a cor da verdade.

As diferentes cores das vestes litúrgicas visam manifestar externamente o caráter dos mistérios celebrados, e também a consciência de uma vida cristã que progride com o desenrolar do ano litúrgico. Enquanto que as diferentes cores nas vestes acadêmicas representam a área de conhecimento dependendo da cor da pelerine, a capa talar, uma veste similar ao amito dos padres. Enquanto o padre coloca o amito sobre a batina formandos e formados colocam a pelerine sobre a beca.

Os anéis de formatura têm uma razão e uma história. Em tempos longínquos só as famílias de posse e os mais abastados e influentes usavam anéis. Os anéis tanto podiam conter o brasão da família como podiam servir de carimbo em lacres, dando valor e autenticidade a um documento.

As condecorações com o tempo tornaram-se símbolo de ato de bravura, o concluinte dos cursos é considerado herói, um novo membro da realeza, pertencente a um domínio de conhecimento. Em uma época de tecnologias de informação, com o acesso a informação cabendo literalmente na palma da mão, o novo poder é o conhecimento.

O Brasil passa por uma situação interessante, a vinda de médicos cubanos, um exemplo claro de valor do conhecimento. O conhecimento tem valor não importa a embalagem que o contem, e entra em jogo a antiga lei de mercado, lei da oferta e da procura. Cada produto tem o seu preço, e cada comprador paga o que lhe convém.

 

Jornal de HOJE

 
Entre Natal e Parnamirim/RN ─  8/09/2013
 
 
 
Roberto Cardoso
(Maracajá)
 
 
Reiki Master & Karuna Reiki Master
 
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FUNCARTE
Natal/RN
 
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Jornalista Científico
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No período de julho/2013 a outubro/2013 estou concorrendo ao PREMIO DESTAQUES DO MERCADO na categoria Colunista em Informática na publicação Informática em Revista.
 
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