Linha
10, enrolada na lata
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Júnior olhou para o céu, e
avistou uma infinidade de pipas, com cores e tamanhos diferentes. Raro seria,
encontrar uma forma diferente, as chamadas arraias, comum na cidade vizinha,
onde eram conhecidas como cafifas.
Identificou a direção do vento
pelas pipas, e suas rabiolas tremulantes, que dançavam apontando a direção do
vento. E cada pipa desfilando no céu, com certeza, tinha um menino segurando a outra
ponta da linha. Uma pipa colorida no céu, controlada por um menino e suas
histórias, na ponta da linha. Controlava e dominava a pipa, controlando a
quantidade de linha, e os movimentos da pipa. Enquanto controlava a pipa,
contava histórias aos que estavam próximos. As suas proezas.
Histórias de pipas cortadas,
com o melhor cerol; poucas pipas perdidas. Segredos de como fazer um bom
cabresto, a junção da linha com a pipa. Histórias de manobras e rasantes, com um
tal de “debique”. “Está com medo tabaréu, minha pipa é de papel”; Era como um
grito de guerra, convocando para um duelo no céu.
Com um olhar em direção
contrária, à do vento, vinha uma pipa, perdida e descontrolada. Desengonçada lá
no céu, e arrastando uma linha. Uma linha que traçava desenhos sobre o chão,
coberto de uma areia solta. E os meninos corriam para tentar pegar a linha da
pipa voada. Com a linha na mão, controlariam a pipa, e contariam outra
história.
Haviam inclusive histórias, tais
como as lendas, como a do Beto Cabeleira. Um suposto marmanjão que vivia sem
camisa e cultuava uma longa cabeleira. Dono da pipa ameaçadora, com manobras
radicais; rabiola longa, zunindo no céu. Vinda de um lugar distante, onde não
se avistava quem controlava a ponta da linha. E com seus voos rasantes cortava
todas as pipas (as linhas), que encontrava no céu. O medo dos iniciantes e seus
jelequinhos, que poucas manobras faziam.
E assim começa Pipa
voada sobre brancas dunas, de Júnior Dalberto. Um conjunto de cores e
pipas, um conjunto de histórias elencadas, entrelaçadas pelas linhas. Um livro
para ser lido à medida que vai se liberando a linha.
A linha de pipa depois de
comprada (Linha 10), adquirida em carretel, é passada para uma lata, para
facilitar o manuseio, durante a soltura das pipas. E ao passar a linha do
carretel para a lata, fazemos uma revisão da linha tal como folhear um livro,
antes de ser lido.
Aqui um breve texto, a partir
de uma breve apreciação, um folhear de páginas, lendo as orelhas e textos do
prefacio, e da apresentação, com as palavras de Diana Fontes, Eugenio Medeiros
e José de Castro. Um livro que ainda vai ser lido. Aguardando o desenrolar da
linha, em sua nova condição. A linha que saiu do carretel, e passou para a
lata. O livro que ocupou um lugar destacado no estante, aguardando um alçar voo,
tal como uma pipa.
Em 29/01/2016
Entre Natal/RN e
Parnamirim/RN
por
Roberto Cardoso (Maracajá)
Branded Content (produtor de conteúdo)
Reiki Master & Karuna Reiki Master
Jornalista Científico
FAPERN/UFRN/CNPq
Plataforma
Lattes
Produção
Cultural
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